terça-feira, 20 de outubro de 2009

Borboletas - Mário Quintana

Com o tempo, você vai percebendo que
para ser feliz com uma outra pessoa,
você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele (a) cara que você ama (ou acha que ama)
e que não quer nada com você,
definitivamente, não é o homem (a mulher) da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e,
principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas…
é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar,
não quem você estava procurando,
mas quem estava procurando por você!”

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Silenciar?

CARTA ABERTA AOS MEUS EDUCANDOS

Eunápolis, 17 de Setembro de 2009.

Amigos, acabei de ser informado (22:05h) que dois professores de Porto Seguro foram baleados. Um morreu. Seu nome era Elisnei. (Caralhoooo... ele era cheio de vida. Tanta piada. Simpático. Inteligente. Amigo. Sabia muit matemática esse cara). O outro, o presidente da Associação dos Trabalhadores de Educação de Porto Seguro (ATEPS), Álvaro, cursou Letras na Universidade do Estado da Bahia, aqui mesmo em Eunápolis. Eleito para a ATEPS há pouco (10 de Junho), estava trabalhando muito pelos professores. Fazia tempo, muito tempo que não se via uma ATEPS tão atuante. Na vitória da chapa, Álvaro disse: "A entidade jamais será a mesma". No momento, Álvaro está hospitalizado, com uma bala alojada em sua cabeça.
Razão (meu Deus, existe razão?) para o atentado? Se existe alguma, parece-me que é o caso de os dois encabeçarem um movimento de greve, um movimento democrático e cívico que questiona os desmandos na educação do município de Porto Seguro, cuja adesão dos professores era expressiva. Este movimento questiona melhores condições de trabalho, plano de carreira, aumento real de salários, além da efetivação de professores que foram aprovados no último concurso do município.
Para que sintonizemos: professores foram contratados a despeito de um concurso vigente. Assim, durante as férias de fim de ano, a prefeirtura manda os professores embora. Não paga férias. Não assume folha de pagamento em Janeiro e a depender do início das aulas, nem em Fevereiro. O professor que deveria estar descansando para começar um ano em melhores condições, que deveria estar investindo em seu desenvolvimento intelectual, com tempo para leituras, por exemplo, vê-se obrigado a fazer "bicos" no fim de ano. Não à toa, colegas trabalharem como garçom em barracas de praia em Porto Seguro.
Em Julho (07/07), promotor de Justiça da cidade foi procurado pelos professores que questionaram essa contratação irregular. O ministério público detectou 320 contratações irregulares e determinou à prefeitura cobrança de multa de 5 salários minímos por dia pelo discumprimento da lei. Esta ação poderia, inclusive, levar ao pedido de afastamento do prefeito por improbidade administrativa.
Não quero ser leviano. Não posso, não devo acusar ninguém. Cabe à polícia a apuração, e dela devemos exigir empenho. Está certo que este caso não é da monta do assassinato de um Tim Lopes, do sequestro de um empresário do marketing ou de um Abílio Diniz. Está certo que não é um assalto num casarão de uma das tantas avenidas ricas de nosso país. Trata-se, na verdade, de uma emboscada covarde, na qual três homens tomaram a casa de Álvaro. Mandaram telefonar para ele dizendo que seu filho estava doente. Ao chegar em casa, acompanhado de Elisnei, tiros foram disparados contra o carro no qual estavam. Mais de quinze tiros.
Certo, pois, é professores foram vítimas de atiradores "profissionais" (se é isto é profissão?!). Certo é que estes professores representam o questionamento de tantos outros professores da Educação Básica (FUNDEB), que teve crescimento recente de 30%, ao passo que o salário dos professores continua inerte. Por que tantos alunos em sala? Por que "escolas" alugadas? Por que taxas de abando altas? Por que falta merenda? Por que faltam professores? Por que os professores não estão sendo qualificados para enfrentar os diversos problemas que se apresentam em sala de aula? Por que os educandos chegam ao final do ensino básico sem saber ler e escrever? Por quê? Por quê?
Certo é que pela segunda vez em menos de 10 anos, o município de Porto Seguro demonstra a vivacidade de seu coronelismo nefasto contrário ao lema: "Para a educação melhorar, todos devem participar" (segunda vez mesmo, ou já nos esquecemos daquele outro colega que questionava a educação na rádio para quem quisesse ouvir, e de repente sofreu um "acidente" de moto no retorno para casa?)
Caros alunos, estamos vivendo tempos de horror, de medo, de descaso. É a cultura do mandonismo. É o silenciamento. Querem nos silenciar.
Aliás, penso que um minuto de silêncio é bem-vindo. Não o silêncio que querem que façamos. Não o silêncio que oprime, que mata. Não o silêncio imposto pela elite - silêncio molhado de sangue - que teima em vender este país para o capital internacional, que teima em não colocar em prática a distribuição de renda e a reforma agrária, que teima em desumanizar sua população, que nega o grito dos excluídos e que, como estratégia para se perpetuar no poder, emburrece seu povo com uma educação de péssima qualidade, com uma educação tecnicista que malmente leva o sujeito (?) a marcar um "x" na alternativa correta do vestibular, que não provoca o pensamento, a reflexão, o senso crítico, a criatividade, a inventividade, a humanização.
Se tivermos de fazer silêncio, que seja aquele necessário para ouvirmos novamente a voz de Elisnei e de Álvaro. Minuto. Silêncio (ouçamos): "Justiça!", "Justiça!".

Alexandre Fernandes
Professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal da Bahia
Em silêncio...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Muito bom :D

Tribute

Obrigado à nossa grandeza
Às coisas que já alcançamos
Estamos neste tempo
Onde superamos muitos obstáculos da história
Fomos além da lua
Atravessamos oceano e mares
Temos o conhecimento para salvar uma vida
Oh! Se podemos fazer tudo isto
Qual será o limite da humanidade
Nada é tão longe
Os sonhos são realidade
Venha comigo e abra os teus horizontes
Sem fronteiras uma idéia não é movimento
Venha comigo e sonhe
Venha comigo ao nosso coração
A força vencerá
Obrigado a você também
Vivemos em um tempo de guerra
Onde falta o amor e tem pouca poesia
Voltemos à terra
Onde o amor é mais forte que o ódio
Mas porque dominar o mundo
Se nos esquecemos do respeito
Se depois não damos uma mão a quem sofre
Oh! Porque continuar a destruir
Se a força da vida é estar juntos em harmonia
Nada é tão longe
Os sonhos são realidade
Venha comigo e abra os teus horizontes
Sem fronteiras uma idéia não é movimento
Venha comigo e sonhe
Venha comigo ao nosso coração
A força vencerá
Obrigado a você também
Sonhe
Sonhe


.Yanni

domingo, 9 de agosto de 2009

Amigos são presentes de Deus

Amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o
amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que
tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus
amigos e o quanto minha vida depende de suas existências …
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não
posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem
noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu
equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em
síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando
daquele prazer …
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus
amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Vampiro


"Tu que, como uma punhalada,
Em meu coração penetraste,
Tu que, qual furiosa manada
De demônios, ardente, ousaste,

De meu espírito humilhado,
Fazer teu leito e possessão
- Infame à qual estou atado
Como o galé ao seu grilhão,

Como ao baralho o jogador,
Como à carniça ao parasita,
Como à garrafa ao bebedor
- Maldita sejas tu, maldita!

Supliquei ao gládio veloz
Que a liberdade me alcançasse,
E ao veneno, pérfido algoz,
Que a covardia me amparasse.

Ai de mim! Com mofa e desdém,
Ambos me disseram então:
"Digno não és de que ninguém
Jamais te arranque a escravidão,

Imbecil! - se de teu retiro
Te libertássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!"

Charles Baudelaire

Ausência


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinícius de Moraes

sexta-feira, 19 de junho de 2009

SÓ DE SACANAGEM

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!


Elisa Lucinda